PRESIDENTE DE HONRA
Judith M. C. Luacute
Prezados participantes deste grande congresso, recebam um caloroso abraço cheio de afeto proveniente de Angola país situado no continente africano onde também se fala português.
Neste congresso onde o Lema é “Feridas e Estética”: Afectos e desafetos, com muita honra e gratidão pelo convite, representarei Angola meu país e levarei na bagagem todo o afecto que o povo angolano sente pelo povo brasileiro.
Com grande satisfação e emoção recebi o convite da Sociedade Brasileira de Enfermagem e Estética-Sobenfee para ser presidente de honra deste magnifico Congresso internacional, na pessoa da Enfermeira Mara Blanck, a ela o nosso agradecimento especial.
Eu sou Africana de Angola, Enfermeira formada pela Universidade de São Paulo-USP-Brasil nos anos 90, vivi na cidade de São Paulo capital, onde trabalhei em diferentes hospitais, durante 15 anos.
Quando a saudade me pegou pelo braço para voltar para o meu país, levei na bagagem toda a experiência adquirida no Brasil e coloquei-a em prática.
Facto que me tornou uma enfermeira referência no meu país, pois tenho trabalhado arduamente para a valorização da Enfermagem como profissão autônoma.
Fruto da minha experiência no Brasil, idealizei de forma pioneira implementei e coordenei o Projecto de Atendimento Humanizado que também se chamou “Projecto Luacute” no maior Hospital público de Angola, o Hospital Josina Machel. O projecto acima citado foi a genese da filosofia da Humanização do Atendimento adotado pelo Ministério da Saúde de Angola e expandido por todo país.
Identifico-me bastante com o tratamento de feridas crônicas e tem sido também uma vertente do meu trabalho em Angola.
Tratar de feridas em Angola é um desafio permanente pois os recursos são ínfimos, porém muito gratificante quando o tratamento termina com êxito devolvendo o paciente para o seu convivio social.
Pelo grande número de profissionais que se identificam com feridas de dificil cicatrização fundamos a Associação Angolana de Enfermagem de Tratamento de Feridas e Ostomias da qual estou Presidente.
A experiência adquirida durante os meus anos de trablaho no Brasil e pelos serviços prestados ao meu país em prol da Enfermagem, fui merecedora de uma condecoração do nosso Presidente da República tendo recebido uma medalha de Bravura e do Mérito Cívico e Social de Primeira Classe aos 04/04/2023.
No momento exerço as funções de consultora técnica para formação em Enfermagem pós licenciatura do Gabinete da Ministra da Saúde de Angola.
Ser presidente de honra deste congresso tem um significado muito especial para mim, tanto como profissional de Enfermagem, uma das primeiras enfermeiras angolanas formadas pela Escola de Enfermagem da USP-Brasil, como mulher negra africana no auge da sua melhor idade. Este facto vem se somar aos tantos presentes que o Brasil me deu ao longo da vida.
Brasil e Angola têm laços históricos desde o tempo da escravatura, pois mais de seis milhões de homens africanos que povoaram o Brasil sairam de Angola do século XVI até ao início do século XX aproximadamente.
Quando Angola se tornou independente há quase 50 anos, o Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecê-lo como país soberano. Desde então o Brasil abriu os seus braços oferecendo solidariedade e cooperação para Angola que se traduziu na formação de vários profissionais de diferentes áreas do saber, dos quais eu faço parte por me ter formado na EE USP-São Paulo, nos anos 90.
A Enfermagem de Angola tem como inspiração a Enfermagem Brasileira, pelo facto das primeiras enfermeiras se terem formado no Brasil e pela herança colonial. A semelhança do Brasil em Angola também existe uma classe de Enfermagem estratificada, temos Enfermeiros, técnicos de Enfermagem e auxiliares de Enfermagem estes últimos estão em vias de extinção.
Já temos também Enfermeiros mestres e doutores na maioria formados no Brasil. Neste momento está vigente um convénio entre os Ministérios da Saúde de Angola e do Brasil denominando “Formação em saúde Angola-Brasil”, durante o qual profissionais de saúde angolanos de todas as categorias farão residência no Brasil e os profissionais brasileiros que pretenderem vir para Angola poderão fazê-lo para troca de experiências.
Em nome de todos os profissionais de Enfermagem de Angola, recebam um abraço cheio de afeto e gratidão, pelo honroso convite que me foi feito de ser presidente de honra do congresso.
Com votos de um evento cheio de sucesso, recheado de muita ciência que enriquecerá as nossas “Mãos solidárias” que se dedicam ao tratamento de pessoas portadoras de feridas de dificil cicatrização, o nosso muito obrigado.
Que este congresso tenha o sucesso de sempre e que Deus abençoe todos os participantes.
Judith M. C. Luacute
Presidente de Honra